23 de março de 2010

Mergulhando numa flor de cacto

A sensação de mergulhar no mar dentro da flor...

A flor, na sua exuberância, parecendo sorvete de fios de ovos...




A flor aberta à noite


O morcego(canto esquerdo susperior) se aproximando da flor

A flor do cacto triangular (Cactus triangularis) é muito especial. Só abre uma vez e... à noite.
Durante alguns anos, nunca tive a oportunidade de vê-la aberta, pois as noites não coincidiam com minha estada no sítio da PK ou... chovia ou eu, simplesmente, me esquecia. Há duas semanas, vendo algumas flores murchas, que haviam florido na noite anterior, resolvi mergulhar minha máquina dentro de uma delas... abri as pétalas grandes e enfiei a digital! E... qual não foi minha surpresa! Como é linda por dentro! Parecia-me estar na água, no fundo do mar, pela forma dos estames flutuando. Até confirmei com esta imagem, para mim, é claro, que realmente os vegetais procedem do mar...

E, naquela noite, também tive oportunidade de fotografá-la. Na primeira foto, vê-se no canto esquerdo do alto um morceguinho se aproximando para polinizar as flores. E foram três flores que abriram simultaneamente!

Mais incrível ainda é que este super cacto veio como porta-enxerto de um mini-cacto que comprei num restaurante na beira da estrada.








18 de março de 2010

Paineiras em Março


Iniciemos com uma cena que sempre me intrigou: os frutos das paineiras, semelhantes a abacates subnutridos. Observe na foto acima como há uma casinha do João-de-barro bem no centro da foto e uma bromélia logo do lado. Árvores são abrigo para muitos seres... mais do que a gente pensa! E as paineiras são árvores atraentes por causa do tamanho, dos espinhos que funcionam como defesa natural e da sua resistência aos ataques de brocas, de queimadas e tantos outros que você imaginar!





Mês de Março, paineira antiga florida... os ventos já levaram muitas flores...


Primeiras flores na paineira da PK


















Primeira flor da paineira do Sítio da PK, que o vento trouxe para mim!


O fruto aberto




A paina ainda compactada fora do fruto


A paina solta, pronta para ser levada pelo vento


Quando eu via os frutos da paineira (Chorisia speciosa) nas ruas de São Paulo, antes de ter o Sítio da PK, pensava que se tratavam de abacates subnutridos (confira esta impressão na primeira foto) Só depois, aprendi que da bela flor vem o fruto, que contém as sementes para gerar novas árvores. O que mais impressiona, na diversidade da botânica, é como cada planta criou uma forma engenhosa de se perpetuar. O abacate tem aquela sementona pesada dentro do fruto que, depois de muito maduro e meio comido pelos pássaros, cai direto no chão. A semente faz os restos rolarem como uma bola e, ao encontrar um lugarzinho bom, acaba por gerar um novo abacateiro.

Já a paineira tem outro truque. O ciclo completo, da flor (em Março) à soltura das sementes, leva uns 6 meses. Dentro do fruto, que tem uma casca bem dura, cria-se a paina, uma lã branca fina e sedosa, que se usava muito para encher os travesseiros ou as bonecas. Quando o fruto amadurece, no tempo que coincide com os ventos da primavera, ele vai se abrindo, a paina vai dando chance para as sementes ficarem mais sequinhas e, quando a paina explode como algodão, cai em tufos com as sementes, sendo levada pelo vento para bem longe, dando chance para novas paineiras surgirem. Em cada fruto há muitas sementes, dando mais chance de germinação. Ao pé do tronco das paineiras, forma-se um tapete branco com as painas e suas sementes bem resguardadas e, se a terra for boa, nascem inúmeras paineirazinhas.

No Sítio da PK, temos duas grandes paineiras, uma em cada ponta do terreno, mas como está tudo gramado, as sementes das paineiras germinam, porém o cortador de grama as ceifa. Então o jeito é colecionar alguns frutos, deixar amadurecer e semear as sementinhas naqueles saquinhos plásticos pretos para mudas de árvores. As fotos mostram uma paineira linda florida, na Granja Viana, que não é do Sítio da PK, mas que aparece ao repetidas vezes vezes ao longo da Rodovia Raposo Tavares.