Um jardim que virou um Parque

Nesta Primavera de 2014, o jardim se transformou em um parque, como um adolescente que se torna adulto após um ritual de passagem.

As árvores já contam com vinte anos de idade, algumas ficaram imensas, como as Paineiras e o Guapuruvu na parte debaixo, e duas Grevíleas na lateral da face Leste, que sempre se carregam de lindas flores amarelas a cada início de uma nova estação da renovação da vida.

Para facilitar a manutenção, com uma frequência menor, permaneceram os arbustos, as flores de bulbo e alguns poucos canteiros com flores anuais para dar cores mais festivas.

A boa notícia para esta temporada é que alguns passarinhos menores retornaram, como o sanhaço, a corruíra e até a cambacica. Mas os queridos tico-ticos foram quase dizimados no Outono e Inverno como presa dos predadores, carcará, gavião e falcão do mato, além dos tucanos, todos carnívoros, sem alimento disponível devido ao desmatamento progressivo.

Algumas árvores explodiram em flor como resposta à seca prolongada, principalmente aquelas acostumadas ao clima de cerrado como o Ipê. E arbustos também, como o buquê de noiva.

 

 

Verão de 2014

A primavera de novembro 2013 foi um pouco atípica seguida de um verão excessivamente quente e seco. As plantas acostumadas ao frescor dos 1000m de altitude sofreram muito.

Poucas flores resistiam mais do que dois dias. Logo murchavam exauridas do calor, mesmo que aumentássemos a quantidade de regas.

Em torno do Sítio da PK,  mudanças progressivas com mais urbanização estão modificando o lugar com uma ocupação territorial (de novos donos de lotes) sem o devido conhecimento da natureza, com foco apenas no lazer, ou seja, casa, churrasqueira, piscina ou quadra de esportes, para fugir do stress da cidade. Os pássaros maiores foram sendo desalojados de seus lugares, após os inúmeros desmatamentos, e alguns deles, encontrando um jardim razoável como o da PK e muito alimento (pássaros menores, rãzinhas, insetos) se instalaram por lá neste período de primavera e verão. O resultado foi triste, depois que eles predaram tudo que puderam, foram embora. Ficamos com uma população reduzídíssima de  tico-ticos, cambacicas, beija-flores. Sinceramente, deu vontade de chorar e de largar tudo. Por ora ainda estou refletindo se vale a pena tentar recuperar o que foi  perdido. Somos um mini-retrato do que está havendo em boa parte do nosso querido planeta Terra.

Algumas plantas resistentes ainda apresentaram suas flores e as fotos que se seguem são o seu cartão postal. Dálias(Dahlia pinnata) são flores de bulbo e têm se adaptado muito bem ao clima de Ibiúna. As necessárias abelhas adoram fazer pousada nelas e isto ajuda a polinização geral do jardim, pois já que estão por lá aproveitam para visitar as outras flores ao redor.

 

 

 

O camarão vermelho é chato para se acertar o lugar, mas quando se consegue, o resultado é maravilhoso com um supercrescimento.

 

Uma surpresa agradável foi a chamada Estrela-de-Natal(Scadoxus multiflorus), bulbo que plantei em Junho e até havia me esquecido dele. Não veio para o Natal, atrasando-se por um mês. Imagine minha alegria ao vê-la bela e florida num dos canteiros.

 

 

 

Alguns ângulos das árvores grandes no Sítio da PK!

 

Pau-ferro (Caesalpinia ferrea)

 

  A lente zoom captou esta imagem escondida, por detrás das grevíleas.

 

 

 As grevíleas estão imensas!

 

As nossas paineiras são sempre mais atrasadas para verdejar e depois florir. Tomara que a florada venha nas águas de Março para durarem mais.

 

Um ângulo romântico da grevílea grande que teve um ramo principal arrancando por um raio e agora já mostra a cicatrização natural.

Início do Inverno Paulista

          De alguma forma, pelo hábito de ir comprando plantas arbustivas com flores pelo ano todo, o jardim do Sitio da PK sempre tem alguma florindo a cada mês. Agora é tempo do camarão-azu, (Eranthemum pulchellum), que faz companhia ao chapéu chinês vermelho, bem mais vigoroso no crescimento, chegando a ficar meio loucão, subindo mais de três metros de altura, espalhando-se pelo jardim. Ao contrário do chapéu-chinês-vermelho(Holmskioldia sanguinea), o camarão-azul é mais delicado e bem comportado, não passando de 1,20 de altura, da família das acantáceas, cujas plantas sempre costumam atrair os beija-flores e as cambacicas nesta época de Inverno. Primo do camarão-azul, o camarão-vermelho(Justicia brandegeana) também atrai os passarinhos. São dois arbustos muito ornamentais. Logo abaixo, veja a foto da cambacica(Coereba flaviola) de ponta cabeça sugando o nectar. 

 A cambacica sugando o nectar do camarão-vermelho

Close do belo camarão-azul

A cambacica cantando feliz num ramo de camarão-vermelho

 Beija-flor (leucochloris albicollis) sugando nectar do chapéu-chinês-vermelho

Temos beija-flores no Sítio da PK

Há flores especiais no Outono que atraem estes exímios voadores! Uma delas é o chapéu-chinês-vermelho (Holsmkioldia sanguinea), que floresce maravilhosamente nesta época do ano. Outra flor procurada é a do ipê roxo, muito florido neste mês de Maio.

Temos aqui dois tipos de beija-flores identificados. Há mais um tipo que ainda não consegui fotografar que é o Colibri serrirostris. Pequenos, com pouco mais de 10 cm,  tamanho não é documento para eles. Muito territorialistas, brigam bastante entre si.  E... suas asas batem 90 vezes por segundo! O coração de alguns  tipos chega a bater 2000 vezes por minuto. Portanto, fotografá-los com as asas abertas é tarefa dificílima ou se tem sorte. As fotos abaixo são resultado de um tanto de sorte e um tanto de paciência e habilidade.

Este é o Leucochloris albicollis

Este já é um bem novinho, que deve ter saído do ninho há pouco. Ele se chama Amazilia lactea

Talvez este seja o colibri serrirostris (verde com orelha violeta).

Mês de Maio! Dia das Mães e Mês das Noivas!

É uma boa temporada para comercialização das flores! Para presentes, para decoração de casamentos, para jardins e é sempre uma festa para os olhos. As flores - isto é uma hipótese minha - nem se incomodam se são objeto de venda, desde que possam se multiplicar! E como elas não tem pernas e nem asas para se mover, aproveitam-se de todos aqueles que possam movê-las de um lugar para outro.
Garanto que você nunca pensou nisto! Lembre-se porém que elas estão neste planeta polinizando do jeito atual há pelo menos 100 milhões de anos!

 Esta é uma camélia (Camellia japonica)... parece diferente por ter a flor dobrada. Difícil de fotografar!

 Esta flor delicada tem uma florada de pouca duração mas é lindíssima, muito vendida em vasos para se colocar em casa, escrivaninhas de escritório. É o ciclamen (Cyclamen europaeum), que vem lá de uma região específica dos Alpes, só que este que se vende por aqui é de outra região, chamado de Cyclamen persicum.

E esta daqui é um hibisco da síria ou rosa de sarom (Hibiscus syriacus), muito delicado que prefere meia-sombra, cujas flores duram bastante tempo.

Então aproveitemos sua beleza, que é um jeito de seduzir os polinizadores, e enfeitemos as casas e jardins com elas!
O Sítio da PK tem uma sequência de flores que vão se sucedendo no outono, começando em Abril até meados de Junho. A maior parte que floresce é de cor rosada, mais suave e que não sucumbe sob a luz solar do verão como vocês podem confirmar nas fotos acima!

Tem porco-espinho no jardim!

No finzinho de uma tarde chuvosa, sentada à mesa da cozinha, uma movimentação no jardim, logo a minha frente, chamou a atenção. Para se notar que quem está acostumado a viver no campo, está sempre alerta a cada movimento, seja de boa ou de má origem. Então, vi um bicho marron escuro acompanhado por outro menorzinho de cor amarelada. "O que será isso?". Ah... logo saquei! Fechei a porta da sala/varanda com cuidado para impedir a minha cocker em me seguir, peguei a câmera e saí. Fui fotografando a duplinha andando, gingando, com uma determinação incrível. Queria eu saber andar na vida assim com tanta certeza! A mãe foi pegando o caminho mais curto até a florestinha, subiu o mourão, seguida do filhote, para meu espanto! Hahaha, e eu achando que uma tela deteria estes bichos!

Escalou o mourão cujo caminho, pelo arame farpado fosse mais curto até o primeiro galho de uma Embaúba! Lá se fixou ela, seguida do filhotinho. Fiquei só esperando o galho se partir! Qual nada! Ela soube escolher muito bem! Depois desceu pelo tronco da Embaúba e se mandou pela florestinha adentro. Talvez ela até more lá e eu nem estava sabendo!

Aí está a sequencia das fotos. Claro que peço um desconto quanto à qualidade, pois esta câmera, na hora do instantâneo, sempre me dá um baile.

Em tempo, o nome científico do bicho é Coendou prehensilis e se trata de espécie ameaçada.

Donos de cães que moram em sítios já tiveram a desagradabilíssima experiência de levá-los correndo a um veterinário para retirar os espinhos voadores um a um! Pelo que se lê nos sites, o porco-espinho não é agressivo, só solta os espinhos quando a vítima está perto para se defender. Segue o endereço de um deles: http://www.recreio.com.br/licao-de-casa/o-porco-espinho-nasce-com-pelos-macios-que-endurecem-saiba-tudo-sobre-esse-bicho

O VERÃO CHEGOU!

Com ele, as chuvas, o verdão brasileiro maravilhoso e... algumas pragas também!

Temos um besouro trabalhador no Sítio da PK! Casais incansáveis, todo final de Primavera e Verão inteirinho, lá estão eles trabalhando.
O nome popular dele é serra-pau... pesquisando na Internet há muitos serra-paus diferentes, e o nosso não é muito identificado. O nome científico geral é Oncideres spp. Temos o serra-pau maior (ataca ramos e troncos de até 4 cm de diâmetro), como nas fotos abaixo, e o menor que trabalha mais rápido por escolher ramos menores (diâmetro de no máximo 1,5cm). Já tive a fantasia e adestrá-los todos, formando uma equipe bem treinada para podar os galhos e ramos no lugar certo! Hahaha... 

Olha só o casal fertilizando os ovinhos, a fêmea vai fazendo um buraquinho no tronco que vai tombar, onde ela depositará os ovinhos logo depois que o macho terminar sua parte. Este é um ramo de 4 cm de diâmetro de uma bela caliandra da flor vermelha. Que pena. Logo ele vai tombar sobre uma castanheira portuguesa a 2,5 m de distância deste corte.
E a seguir você pode ver a serra-pau fêmea, com os ovinhos amarelos saindo de dentro, depois de passar pela tesoura de poda.

Na realidade, eles dão uma canseira danada e é preciso vigiar, matar se possível, infelizmente, e depois cortar fora os ramos atingidos e queimá-los, porque dentro deles a fêmea bota uma centena de ovinhos!

A Vicky está aí, vigiando para mim... olha só o anel iniciado por um serra-pau que acabou sendo descoberto por mim a tempo, senão eu perderia este flamboyant que está demorando para crescer nos 1000 metros de altitude!

E para não dizerem que não falei de flores, seguem as flores de Dezembro!

A de cima é uma dália, que sempre volta nessa época do ano! É linda mesmo! Do lado dela, uma flor que já cumpriu sua missão. Dá até para filosofar!

Esta outra é uma dietes, com as gotas da chuva de verão que acabou de cair.
E logo abaixo um belo canteiro de agapantos bem azuis! Todo ano eles voltam!